A MULTIDÃO NA AVENIDA TEM QUE SER OUVIDA.

Mais uma vez, a manifestação na Av. Paulista arrastou uma multidão de brasileiros que clamam por liberdade e pedem, dentre outras coisas, o impeachment do Ministro Alexandre de Moraes. Como se sabe, é dever de cada brasileiro persistir na defesa de seu sagrado direito de expressão, ainda que a força que nos oprime continue nos ignorando. Tanto que, convidado por Lula, Moraes ocupou lugar de honra, na primeira fila das autoridades no melancólico desfile militar na Esplanada dos Ministérios. Seguiremos marchando em paz pelas famílias perseguidas que perderam tudo. Pelos amigos exilados e censurados, cujas vidas foram devassadas e destruídas.

 A multidão, mais uma vez lotou a Avenida. Em contraste, jornalista Paulo Briguet, em excelente texto para a Gazeta do Povo, conta o que viu no desfile militar em Brasília “Ali eu vi os golpistas, os facínoras, os pervertidos, os covardes, os pusilânimes, os eunucos invertebrados do poder, com seus corações de pedra e seus rictos de fel. Diante deles, um desfile de tropas cadavéricas, como nas antigas paradas da Praça Vermelha. Em torno deles, um grande, um enorme, um melancólico e soturno vazio. Um deserto sem fim”.

 Dando mostras de que não se importam com o povo que os sustenta, após o desfile militar suas excelências foram para um churrasco no Palácio do Alvorada e aproveitaram o momento para satirizar a manifestação. Entre uma garfada no feijão tropeiro e outra na costela, um ministro teria afirmado em tom e ironia. “Alexandre, já já começam suas homenagens”. De frente para a arrogância e de costas para o povo, estavam lá Lula, Gilmar Mendes, Cristiano Zanin, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Dias Toffoli, além de diversos ministros de estado. É longo a caminho a ser percorrido. 

Temos que perseverar e juntar forças para combater aqueles que não querem saber de liberdade, de leis, que praticam e endossam abusos, arbítrios e ilegalidades. Com churrascos e ironias, querem interditar o debate e proibir críticas. Essa gente tem que parar de ignorar o mundo real em que vivemos.

Vicente Lino.