Impunidades podem gerar muita agressividade.

Na quarta-feira passada, Francisco Wanderley Luiz, lançou fogos de artifício em direção à estátua da justiça, na Praça dos Três Poderes e um dos artefatos o matou.  Não se sabe porque, mas a PF já investiga as explosões como ato terrorista, afirmando que o episódio não é um fato isolado, mas conectado com várias outras ações.

O ministro Alexandre de Moraes, afirmou que o homem-bomba faz parte de um contexto que se iniciou com o discurso de ódio contra as instituições, e que é necessário a responsabilização total de todos que atentaram contra a democracia, porque a impunidade vai gerar mais agressividade. Aproveitou também, para criticar a eventual anistia aos que participaram dos atos do 8 de janeiro de 2023. 

O ministro parece ignorar que a anistia já está em discussão na Câmara, e que foram as concessões de anistia que solucionaram inúmeros problemas políticos que marcaram a da história do Brasil. Sabemos todos que a impunidade gera mais agressividade, mas sabemos também, que um estudo da FGV mostra que a probabilidade de punição é de apenas 3 por cento no Brasil. Como 97 por cento dos crimes ficam impunes vivemos um paraíso da impunidade e da corrupção. É essa, a impunidade que gera mais agressividade.

Sabemos também, que um tribunal de Miami, condenou o Grupo brasileiro Trafigura, num esquema de suborno que durou uma década. Na confissão, o grupo concordou em pagar uma multa criminal de US$ 80,4 milhões e teve outros US$ 46,5 milhões confiscados. Lá em Miami.  Por aqui não aconteceu nada. Essa impunidade também gera mais agressividade.

No Atlas da Impunidade de 2023, o Brasil está entre os países com mais alto nível de impunidade.  Os destaques são o Mensalão e o Petrolão, considerados os maiores escândalos de corrupção do mundo. Como todos os criminosos estão soltos, essa impunidade também pode gerar muita agressividade. Decisões do STF anularam atos judiciais ou arquivaram ações sobre alvos da Operação Lava Jato, com danos ao Brasil, que ultrapassam R$ 17 bilhões. Houve o perdão das multas e já começa a devolução do dinheiro aos criminosos. Dentre muitas outras, são essas as impunidades que geram mais agressividade.

Vicente Lino