O ministro Barroso promete transformar o Brasil em país civilizado.
Em
entrevista ao jornal Valor Econômico, na segunda-feira (30), o ministro Luís
Roberto Barroso, disse que ao terminar o seu mandato espera deixar como legado a
total recivilização do país. Aproveitou também, para defender o término de
inquéritos capitaneados pelo ministro Alexandre de Moraes, como o do 8 de
janeiro, das milícias digitais e das “fake news”.
Todo mundo sabe que tudo
começou com a abertura do inquérito das fake News, instaurado pelo Supremo em
14 de março de 2019 sob o número 4.781, eivado de irregularidades, o que nunca
ocorre em países civilizados. O ex-ministro Marco Aurélio Melo, o chamou de o inquérito
do fim do mundo. O ministro Barroso, que pretende recivilizar o país, não deu
um pio sobre o fato de que o inquérito não poderia ter sido instaurado e
conduzido pelo STF, por contrariar o artigo 43 do regimento interno do próprio
Supremo. Além do que, não existe crime de “fake news”, pois essa conduta não
está tipificada no Código Penal e nem em outras legislações especiais.
Suas
excelências continuaram caladas, mesmo sabendo que pessoas jurídicas não têm
honra subjetiva, não tem sentimentos e, por isso mesmo, o STF não pode ser
vítima do crime de injúria. Barroso sabe que essas questões são sempre
observadas em países civilizados. Tem mais; Toffoli designou Moraes como o juiz
responsável pela condução do inquérito, mesmo sabendo que um juiz não pode ser
escolhido; ele deve ser sorteado, pois nosso sistema não aceita tribunais de
exceção. Barroso sabe que somente países incivilizados agem assim. Falta
civilidade também, porque nos primeiros meses de apuração, os advogados dos
investigados não tiveram acesso ao inquérito, o que violou regra prevista na
Súmula Vinculante nº 14 do Supremo que Barroso agora preside.
Recivilizar o
país deve considerar que quem acusa no processo penal é o Ministério Público;
quem realiza a defesa do réu é o defensor, e quem julga é o juiz. No
inquérito das fake news o ministro Alexandre de Moraes exerce uma pluralidade
de funções, pois ao mesmo tempo é vítima, investigador e juiz. Talvez, quando o
ministro Luís Barroso concluir a total recivilização do país, as irregularidades
escancaradas nos inquéritos, possam ser consideradas coisas de um triste
passado.
Vicente
Lino.
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