Lula e o PT desistiram de fazer política através dos meios democráticos
Um partido político, sobretudo aquele se vê como o único
autorizado a receber os votos da classe operária, está realmente na bacia das
almas quando chega o dia das eleições para prefeito e a sua maior ambição é
ganhar a eleição em Fortaleza. E o resto do Brasil? Uma migalha aqui e ali,
entre 5.500 municípios. Nem nas 27 capitais, só nelas, onde deveria estar o
eleitorado “progressista” e mais esclarecido? Enfim: nem no Nordeste, onde o
tal partido explora há 40 anos a miséria para arrecadar voto? Nem e nem. Tudo o
que o PT de Lula conseguiu, nas eleições encerradas no domingo, foi ganhar em
uma única capital, Fortaleza – e, assim mesmo, por miseráveis 0,7% de
diferença. Foi a pior derrota que o partido já teve em toda a sua história.
A calamidade fica ainda mais chocante levando-se em conta
que o PT disputou essa eleição com Lula na Presidência da República e com o
Tesouro Nacional sendo saqueado o tempo todo para financiar os candidatos do
partido e seus aliados. Igualmente prodigioso é o fato de que o PT, que governa
o país, nem sequer lançou candidato na maior cidade do país, São Paulo – nem na
segunda, o Rio de Janeiro. Como seria possível uma coisa dessas? O partido que
manda e tem o presidente não consegue ter candidato no maior colégio eleitoral
do Brasil, com 9,5 milhões de eleitores? Está fazendo o que na política, então?
A derrota de Lula, do PT e da esquerda em geral nas eleições
municipais é mais uma tradução, em números, da realidade mais óbvia da política
brasileira – e talvez a mais detestada pela maioria dos comunicadores
A experiência mostra que as misérias da vida raramente
deixam de vir em companhia de outras, e não foi diferente desta vez. Em São
Paulo, além de não ter candidato, Lula e o PT – e acima de tudo Lula – foram
capazes de escolher possivelmente o pior candidato existente do Oiapoque ao
Chuí para dar o seu apoio. Justo na capital do capitalismo brasileiro, acharam
uma boa ideia jogar tudo num cidadão que é contra a propriedade privada. É
também, invasor de terreno dos outros, aliado dos terroristas do Hamas e você
imagina o que mais. Socaram R$ 80 milhões na sua campanha – dez vezes mais que
na última tentativa eleitoral do candidato. Só por um milagre chegou ao segundo
turno, e aí levou uma surra com 1 milhão de votos de diferença.
Lula, como faz invariavelmente nas horas de dificuldade,
inventou uma mentira para abandonar seus aliados à própria sorte. Depois de
dizer, aos berros, que a eleição seria entre “eu e o Bolsonaro”, viu que a
ficção pela qual ele se exibe como líder mundial de massas era apenas isso,
mais uma vez – uma ficção. Esqueceu-se bem depressa do que disse e sumiu do
mapa para continuar seu programa de volta ao mundo, com a mulher e com o dinheiro
do Erário. Desta vez, com o apoio maciço do seu departamento de propaganda na
mídia, espalhou a fantasia de que tinha “preferido” não “participar da
campanha”. Bobagem. Lula não “preferiu” nada. Ficou com medo de perder e fugiu
da raia.
A derrota de Lula, do PT e da esquerda em geral nas eleições
municipais é mais uma tradução, em números, da realidade mais óbvia da política
brasileira – e talvez a mais detestada pela maioria dos comunicadores. Que
força política poderia ter um presidente da República que não consegue sair à
rua do país que preside, nem para caminhar 100 metros sozinho? Como chamar de
“popular” alguém que está na Presidência, com os trilhões de reais da máquina
pública a seu dispor, e não consegue reunir mais de 1.600 pessoas no último
comício que tentou fazer? Não consegue ganhar mais nem em São Bernardo, o seu
berço sagrado.
Lula, o PT e a esquerda desistiram de fazer política através
dos meios democráticos. Não se interessam mais em fazer força para ganhar
eleição. Largaram o trabalho. Entregaram a sua sorte, o seu bem-estar e o seu
futuro ao ministro Alexandre de Moraes e aos sub-Moraes do STF. Convenceram a
si próprios que eles vão sempre resolver sua vida. Resolveu em 2022, mas as
eleições de agora estão mostrando que pode não resolver sempre.
Jose Roberto Guzzo
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