quarta-feira, 11 de setembro de 2024

 Rodrigo Pacheco, entre a prudência e a conivência com o arbítrio.





Na Avenida Paulista, dia 7 de setembro, a gente assistiu a multidão pedir o impeachment de Alexandre de Moraes. Como se sabe, esse pedido segue acompanhado por mais de 1,3 milhões de assinaturas. Cá entre nós, o número de brasileiros que quer o ministro fora do poder é muito maior do que a soma dos que foram ás ruas mais os que assinaram a petição.

 Vale lembrar que, em 2021, o pedido de impeachment contra o mesmo ministro, capitaneado por Caio Copolla recebeu mais de 4 milhões de assinaturas. Além do que, dos 77 pedidos registrados entre 2019 e 2023, Moraes é citado em 40 deles, equivalente a mais da metade. Agora, após a solicitação de mais um impeachment feito por senadores e deputados da oposição, Rodrigo Pacheco assegurou que irá examinar o caso com toda a prudência, em respeito aos colegas que protocolaram o pedido.

 Liderada principalmente pelo senador Eduardo Girão e pelos deputados federais Coronel Meira, Gustavo Gayer e Bia Kicis, a acusação de abuso de poder e violação de direitos constitucionais, desta vez vai contar com a prudência de Rodrigo Pacheco. Talvez ele considere prudente deixar de lado a violação dos diretos humanos e o abuso de poder. 

Ou a prevaricação que desencadeou a morte de um brasileiro na cadeia, além da violação das prerrogativas de advogados. Depois de engavetar dezenas de outros pedidos, a prudência de Pacheco talvez não enxergue nada de errado, em um juiz desconsiderar parecer da PGR nas prisões do 8 de janeiro, ou ordenar prisão preventiva para obtenção de delação premiada. 

Se um dia Rodrigo Pacheco andar com a coluna ereta, talvez entenda que a lei que obriga conceder liberdade provisória para quem tem problemas de saúde grave nos casos do 8 de janeiro é a mesma que proíbe a dilatação das prisões e a violação de direitos políticos dos parlamentares. Como é advogado, Rodrigo Pacheco sabe de tudo isto e, sem atender aos anseios da sociedade, estará transformando a prudência na mais imprudente e abjeta conivência com o arbítrio.

Vicente Lino.

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