Lula ficou entre o zero e o zero absoluto este ano e terá o mesmo desempenho em 2024
Ao completar o primeiro ano
de governo que esteve entre o zero e o zero absoluto, em matéria de produzir
alguma coisa útil para o País e para os brasileiros, o presidente Lula se
despede de 2023 mostrando a intenção de fazer mais do mesmo em 2024. A única ideia
que orientou o governo nos últimos doze meses, e que parece resumir a soma
total de suas capacidades, foi gastar com a máquina estatal, seus beneficiários
e seus clientes. “Gastar”, aí, significa consumir tudo o que o Estado arrecada
dos brasileiros – e mais ainda. É a religião da era Lula-3. “Gasto é vida”,
sobretudo gasto com nós mesmos e os nossos lençóis de linho egípcio. Não se
produz nada; só se consome. Quem tem de produzir é a população. Tem de
trabalhar, pagar imposto – foram 3 trilhões de reais em 2023 – e encher o nosso
bucho. É a ideologia do parasita-raiz.
Lula passou o ano inteiro
fazendo uma coisa só: distribuir o dinheiro do Orçamento Federal para as
“emendas parlamentares”. É o que eles chamam de “governabilidade”. Entrega-se o
Erário público para a compra do apoio de deputados e senadores – que umas vezes
vem e outras não vêm, o que leva a pagar de novo e cada vez mais. É isso. O
resto da ação presidencial este ano foi passar 72 dias viajando para o
exterior, através de 24 países diferentes, hotéis “padrão Dubai” e uma coleção
sem precedentes de declarações cretinas. O tempo que sobrou ficou para comícios
em circuito fechado (o presidente da República não pode sair à rua neste país),
na presença e sob o aplauso das ministras e ministros que se especializam em
não produzir nada, nunca – dos “indígenas”, das “mulheres”, dos “direitos
humanos” e por aí afora.
Lula, na sua versão atual,
tem um pensamento só, e ele está errado. Diz todos os dias que o crescimento do
Brasil depende do gasto público – acha que isso é “investimento”, e que quanto
mais o governo gasta mais o País cresce. Déficit, segundo este tipo de
entendimento, é uma exigência do progresso. É objetivamente falso. Como diz o
próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad: “De dez anos para cá, a gente fez
1 trilhão e 700 bilhões de reais de déficit e a economia não cresceu”.
Xeque-mate, mas e daí? Lula não está ligando a mínima para os fatos; não se dá
sequer ao trabalho de acreditar naquilo que ele mesmo diz. Não lhe interessa que
o déficit é só déficit, e que o “investimento” real não existe. O que conta
para ele é a caneta que autoriza gasto do governo, e só isso.
Não poderia haver uma
maneira pior para o Brasil encerrar ano, em termos de lógica e de intenções na
economia, do que o acesso de neurastenia que Lula teve diante do último
relatório bianual da OCDE sobre a economia brasileira. A organização, que reúne
os países mais prósperos do mundo e é reconhecida pela competência técnica de
suas análises econômicas, disse que a dívida pública do Brasil neste momento
pode levar à uma situação “claramente insustentável”. Lula se declarou
“irritado” com as realidades expostas pela OCDE e chamou a análise de “palpite”
– como se ele tivesse alguma ideia do que está falando. É uma grosseria e, de
novo, uma estupidez. O Brasil poderia começar a pensar em si mesmo como um país
desenvolvido se conseguisse, um dia, ser admitido na OCDE. Lula acha ruim. Não
abre mão de continuar no Terceiro Mundo.
Jose Roberto Guzzo.
Publicado no Estado de S. Paulo
do dia 27/12/2023.
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