Divido
a íntegra do artigo do economista, Ernani Lucio Pinto de Souza, com os amigos
da coluna.
TANGO
ECONOMICO.
O
Presidente eleito recentemente e empossado em 10 pp. na Argentina, será um
bailarino ousado na condução da sua bailarina-parceira, a saber, a economia
argentina.
Seus
passos, parecem, que serão tão ousados quanto a dança tradicional e reconhecida
mundo afora., o Tango.
Todavia,
ousadia excessiva destoa a precisão, a estabilidade e a confiança, nessa
clássica dança ou mesmo nessa decisão (macro) econômica que ele pretende
implantar em seu país.
Verdade,
que a música econômica na Argentina está fora do ritmo, com as notas do
dinheiro local fora do tom em termos de poder de compra e sua elevada
depreciação na paridade peso/dólar.
As
causas dessa crise remontam ao que ALESINA e GIAVAZZY, já argumentavam desde
2002. Apesar da longa citação desses autores, não custa reproduzi-la: O ciclo
típico – e a Argentina é um exemplo perfeito – começa quando a autoridade
econômica permite que a inflação cresça durante algum tempo. Com isso, as
receitas tributárias crescem enquanto o endividamento permanece estável. Mas,
com o passar do tempo, as pessoas aprendem a viver com inflação elevada e
isolam a economia de seus efeitos, reduzindo, assim, as receitas obtidas com o
“imposto inflacionário”. Nesse ponto, as receitas governamentais começam a
cair, os benefícios da inflação elevada desaparecem e o apoio político à
estabilização se consolida.
A
estabilização é normalmente seguida de uma breve lua-de-mel. Mas chega um
momento em que, com a queda da inflação e a manutenção dos elevados níveis dos
gastos públicos, a dívida começa novamente a crescer. Anuncia-se, então, uma
nova crise. O câmbio é desvalorizado. Algumas dívidas deixam de ser pagas e
taxas elevadas de inflação (é o imposto inflacionário) retornam duas coisas que
ajudam a equilibrar o orçamento.
A
longo da década de 1990, a Argentina tentou atar suas próprias mãos para
impedir a adoção desse tipo de políticas mediante a adoção de um “currency
board” (sistema de paridade cambial com o dólar americano). Hoje, esse regime é
ridicularizado, mas foi uma ideia inteligente. Se o orçamento argentino
estivesse realmente equilibrado, o “currency board” teria funcionado. Mas a
Argentina nunca equilibrou seu orçamento, excluídos os pagamentos de juros
sobre sua dívida.
Importante
repisar na questão da inflação, quando os argentinos cansaram de correr aos supermercados
em busca de suprimentos básicos em elevação diária, substituíram em grande
monta o peso pelo dólar, daí, talvez, a ideia do atual presidente em dolarizar
a economia argentina.
Todavia,
das medidas anunciadas na terça-feira passada, tratam especificamente da
reconfiguração do estado argentino, particularmente, no que tange ao tamanho do
setor público naquela economia.
Portanto,
conforme circulado na imprensa/mídia nacional aqui pelo Brasil, o ministro da
economia indicado pelo presidente argentino é totalmente contrário à ideia de
dolarização.
Ouso
inferir que país sem moeda é país sem identidade, e para fazer política
monetária sem um banco central autônomo e próprio é tão difícil quanto a
própria história dos bancos centrais pelo mundo, conforme historiógrafa
CARVALHO, (2015).
Em
suma e na essência: el camino és uno: como medida já anunciada, necessário,
sim, reconfigurar o estado argentino (política fiscal parcial), para iniciar um
novo rearranjo com a responsabilidade fiscal em sintonia com a política
monetária, porque a tática de aumentar receita com a inflação e aumentar gastos
(normalmente, populistas) ficará sempre impossível de proporcionar estímulo
fiscal em momentos difíceis como o atual, além de enfrentar problemas
estruturais de longo tempo que afetam a renda, investimentos consolidados, e
novos investimentos, principalmente, os investimentos verdes na promissora
região de Vaca Muerta.
Finalizando
e lembrando Carlos Gardel, los hermanos aguardam ansiosamente pelo El día que
mi queras..., dolare(blue) ou el peso fuerte.
Ernani Lúcio Pinto de Souza, 61, cuiabano, economista da UFMT junto ao Escritório de Inovação Tecnológica. Participou de programas de capacitação e pós-graduação patrocinados pela UFMT junto ao Programa MEC/BID III e ANPEC/NAEA/UFPA. Foi vice-presidente do CORECON-MT.(elpz@uol.com.br)
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