A DITADURA SAIU DO ARMARIO.
Por Fernão Lara Mesquita.
Os números da audiência da Globo nos últimos quatro anos de
desvarios, choro e ranger de dentes é o que explica mais esta “reforma gráfica”
(da forma mas não do conteúdo) que tão veementemente nos fala das virtudes do
“controle remoto” nas mãos do povo que é tudo que falta ao Brasil das
instituições.
Só quando ele puder “zapear” sumariamente para fora da
“grade de audiência” os políticos, os servidores e os juízes que cruzarem a
linha do decoro e do interesse público assim que ousarem faze-lo - vulgo
democracia - este país terá conserto.
Qualquer dúvida que reste quanto ao Jair Bolsonaro menor e
os pruridos que ele provoca na epiderme de cada um, a chaga purulenta da
truculência do pequeno Putin do STF, que chantageia a Nação com a “bomba
atômica” do estado de anomia espalhado das alturas da instituição que tomou de
assalto resolve. Não ha mais como acusar o presidente - e não o primitivo ex-secretário
de segurança e ex-advogado do crime organizado para quem democracia é uma
questão de polícia - sem passar um recibo de assumida desonestidade e inimizade
ao Brasil.
Em tudo o mais, a "entrevista" da Globo foi o de
sempre: como culpar Bolsonaro pessoal e intransferivelmente por cada raio, cada
rajada de vento e cada gota de chuva da tempestade planetária que cair sobre o
Brasil. É um esforço que, a cada insistência, a cada torção de braço, a cada
volta do parafuso torna-se mais patético e contraproducente pois a falta de
munição real que essa obsessão denota - de par com o sucesso do tratamento que
Paulo Guedes está dando aos estragos da tempestade comparado com os de todo o
resto do mundo, que a matemática confirma, as bolsas de valores e os investidores
internacionais festejam e é o que nos fala do presente e do futuro - são as
credenciais que fazem o Jair Bolsonaro que age maior que o Jair Bolsonaro que
fala.
A violência assumida dos três patetas do STF, de par com a
covardia generalizada dos seus pares e dos supostos patrões de todos eles no
Legislativo, mais a morte do jornalismo, tirou os democrafóbicos de 64 do
armário. Cessou o chororô - como tudo o mais, transformado em mesada - contra a
censura e as “prisões arbitrárias” dos “anos de chumbo”. Agora assumem-se
abertamente como o que sempre foram. E é a desonestidade fundamental e
agressiva deles que explica a resiliência política de Bolsonaro. Eles mesmos,
já na porta de saída, não são suficientes nem para fazer transbordar para a
cracolândia do entorno, mais uma criatura da "redemocratização", o
woodstockezinho do pátio da São Francisco.
A síndrome de imunodeficiência à violência ideológica que se
tornou física no Brasil é, ainda, a que o PT plantou em seus 13 anos no poder
e, para além de todas as outras considerações morais, deteve a marcha do país
para o futuro e voltou a ser posta em causa nesta eleição a golpes de casuísmo
explícito.
Goste do que tenha gostado no passado, ninguém pode afirmar
sem dolo que não sabe que quando acaba o mandato dos bolsonaros, tudo que veio
vai embora com eles, como manda o eleitor. E que quando Lula é apeado do poder
ele deixa postes plantados, a educação pública destruída, a privada aparelhada,
as estatais e outros componentes estratégicos da infraestrutura nacional
ocupados e declarados “independentes” dos governos que vierem a ser eleitos, um
Estado corrupto colonizado, a competição meritocrática na economia privada
subvertida, os bandidos prendendo a polícia e "polícias políticas"
instrumentalizadas para espionar com minucia chinesa conversas íntimas dos
“inimigos do Estado”, além de um STF recheado de advogadozinhos de porta de
cadeia de passado mais que suspeito e futuro cada dia mais certo a serviço de
pulverizar qualquer sombra de certeza jurídica, conflagrar a Nação e
inviabilizar a ferro, lama e fogo, qualquer país que os brasileiros decidam ter
no voto que não seja “o seu”.
Se assumem esse grau de violência e ameaçam criminalizar até
o pendão verde-e-amarelo na saída da porta arrombada da cadeia estando ainda na
oposição e minoritários em todas as instâncias de representação eleitas pelo
País Real, imagine-se o que fariam com o Tesouro Nacional (e possivelmente mais
o de São Paulo), as Forças Armadas e todo o poder do Estado nas mãos dos
banqueiros do Foro de São Paulo que tomou a América Latina de assalto num país
que, para além das exceções heróicas, está inteiramente desprovido de imprensa.
Fernão Lara Mesquita
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