DUAS ESQUERDAS.
Definições sobre e esquerda e direita que sempre povoaram nosso imaginário, são bem mais singelas do que a gente pensa.
Jose Roberto Guzzo, em mais um brilhante texto, ensina que elas são somente duas e uma delas, de boba não tem nada. Divido o artigo com os amigos da coluna.
Jose Roberto Guzzo, em mais um brilhante texto, ensina que elas são somente duas e uma delas, de boba não tem nada. Divido o artigo com os amigos da coluna.
Fala Guzzo:
A esquerda do Brasil está hoje disponível em duas
embalagens: a boba e a esperta
A esquerda do Brasil está
disponível para o público, de alguns anos para cá, em duas embalagens
diferentes – a esquerda boba e a esquerda esperta.
A esquerda boba
trafega no mundo dos desejos. Fala que quer coisas do bem para o País: menos
desigualdade e mais “inclusão social”, menos injustiça e mais “diversidade”,
menos automóvel e mais bicicleta, ficando a cargo de cada um legislar sobre o
entendimento correto do que seja isso tudo. É contra a soja, o agronegócio e os
produtos que combatem as pragas na lavoura. É a favor de um planeta
sustentável. Não reza mais pela união dos operários do mundo inteiro; seu lema
de luta, hoje, é: “Fique em casa”. Seu principal herói na tarefa de transformar
o mundo não é mais Che Guevara; é um vírus da família corona. Seu habitat é o
mundo que tem pouco contato com o trabalho manual. Vive, entre outros lugares,
na universidade, nas redações de jornais e de telejornais e nos departamentos
de marketing de grandes bancos e multinacionais, onde gasta o dinheiro dos
patrões em campanhas de propaganda contra o racismo, etc. – e, ao mesmo tempo,
propõe a demissão de funcionários que discutem com fiscais sanitários por causa
do “distanciamento social”.
A esquerda esperta
vive do “Fundo Partidário” – ou, mais precisamente, do dinheiro que você tem de
pagar para sustentar os partidos políticos (cerca de R$ 1 bilhão, em 2019),
mais os R$ 2 bilhões que estão lhe tomando em 2020 por conta das eleições
municipais deste ano. Ela descobriu o que realmente queria da vida 15 anos
atrás, quando se preparava para assumir o governo e foi apresentada à uma mina
de ouro chamada “Fundos de Pensão das Empresas Estatais” – desde então, não
quis saber de outra coisa. Ficou rica com dinheiro público, nos tempos em que
mandava no Brasil; além dos fundos de pensão, tinha à sua disposição o caixa
das empreiteiras de obras e todo o leque de oportunidades que a corrupção
oferece neste País. Hoje já não é a mesma coisa – mas a turma que manda nos
partidos da esquerda, mesmo fora do governo, está com a vida ganha por conta o
dinheiro que recebe dos “fundos” políticos.
Nada pode ser mais didático para se entender a
esquerda esperta do que a observação de um fato simples: seu símbolo e líder
supremo, o ex-presidente Lula,
ficou milionário; só no espólio formado a partir da morte de sua mulher tem R$
13,7 milhões.
Não são os adversários, nem “a mídia”, que estão
dizendo isso – é o próprio Lula, na petição que apresentou à Justiça Federal pedindo que
lhe devolvam aquela dinheirama toda, que está bloqueada judicialmente por conta
dos processos a que ele responde, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem
de dinheiro. Perto de R$ 14 milhões? É dinheiro. Talvez 1% da população
brasileira, se tanto, vai conseguir juntar isso tudo até o fim das suas vidas –
esses benditos “1%” que tanto perturbam a esquerda que vive no mundo dos
desejos, por serem os culpados pela concentração de renda, a injustiça social e
outras tantas desgraças.
A esquerda boba e a esquerda esperta não se separam
pelas ideias, mesmo porque a pasta de propósitos que têm nas suas cabeças, como
se vê acima, não reúne condições para ser qualificada como um conjunto de
“ideias”; separam-se pelo saldo bancário. Só se juntam na sua insatisfação com
povo brasileiro – esse povo que votou errado nas eleições para presidente em
2018, vai aos cultos evangélicos, permite a formação das bancadas do “agro” e
da “bala” no Congresso, não entende as “instituições”, nem bispos, nem a OAB, e
está pouco ligando para o que possa acontecer com o Supremo Tribunal Federal.
Jose Roberto Guzzo, para O Estado de S. Paulo.
Jose Roberto Guzzo, para O Estado de S. Paulo.
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