TRUMPULÊNCIA: OPORTUNIDADE PARA O BRASIL REDISTRIBUIR RENDA E
RIQUEZA.
Por: Ernani L. P. de Souza.
O termo
trumpulência foi cunhado pelo economista, sociólogo e diplomata brasileiro
Marcos
Troyjo, momento em que ele aponta em seu artigo que o termo significa um
híbrido de opulência, exuberância e turbulência vindas dos EUA.
A opulência e exuberância estão lá, para cá,
cada vez mais, a turbulência, materializada na guerra comercial; a outra, política,
abstenho-me, por hora.
Se o Brasil é tido como uma economia fechada devido a barreiras
tarifárias e não-tarifárias, que impacta uma corrente de comércio mundial em
menos de 2%, significa, então, indagar por quê perdemos as oportunidades de nos
inserirmos no comércio internacional com mais veemência, assim como fizeram
Japão (lá na década de 70), Coréia do Sul, China, México, etc.?
Produtividade, qualidade e instituições voltadas
para o conhecimento produtivo, que é global, ficamos presos no espírito
nacional, que todos almejam, porém, sem determinação
nacional.
Portanto, negociemos com inteligência e
pragmatismo, tendo como moeda de poder nossos setores produtivos de interesses
demonstrados pelos EUA e carentes por nós, como, saúde, energia e
teles, dentre outros.
Isso será uma grande oportunidade para
redistribuirmos riqueza e renda, e fortalecer as correntes de
exportações e importações de bens intermediários, preservando nossas
vantagens relativas reveladas e avançando em nossas
vantagens institucionais.
A respeito disso, vale dizer que as instituições
multilaterais de fomento e financiamento e combate a pobreza (BIRD), de
monitoramento monetário-financeiro (FMI), de estímulo e ordenamento do comércio
internacional (OMC), e ainda, de combate a fome e segurança alimentar (FAO)
estão sob ameaças decorrentes da truculência e turbulência provocadas pelas
medidas e ações vindas do presidente norte-americano ante suas dúvidas sobre
possíveis ameaças à hegemonia dos EUA e aliados leais, orquestradas por
ideologias (que espelham/retratam apenas parte do real, conforme
ensinou o ex-presidente e professor Fernando Henrique, 1993) desalinhadas com o
acordado no pós-guerra. Esse é, parece-me, o lado político-prático de toda essa
investida norte-americana.
O atual presidente dos EUA está se comportando como
um ditador? Talvez, mas com tantos ditadores mundo a fora, a moda pode pegar,
inclusive, a ditadura reativa.
No que isso tudo vai dar, ainda, é cedo para
prever, mas, que, poderá tanto conduzir a uma nova prosperidade ou a uma grande
debacle.
O Brasil poderá amenizar isso tudo olhando para seu mercado doméstico
devido a uma maior oferta excedente de produtos, o que poderá, também,
acelerar a desaceleração inflacionária, - hoje, fora da meta
anual prevista de 3% -, que desencadeará um aumento no
fluxo de consumo, renda e arrecadação, sem esquecermos, obviamente, pela
prospecção de novos mercados e negociação setorizada com os EUA, que possuem um
mercado consumidor efetivo enorme.
No meu modesto raciocínio, quero pensar que o consumo reprimido no
Brasil seja maior que a corrente de comércio atual do país
que é de menos de 2% em transações com o resto do mundo. Essa condição está me
levando a especular que não se trata no Brasil de economia fechada, como muitos vêm ponderando e estamos
embarcando
nessa onda; mas, não, o que falta ao nosso país é a melhora nos níveis de produtividade, e sem
aumento de produtividade (crescimento econômico eficiente gerador de
alterações na estrutura produtiva) não haverá nem inovação, nem sustentabilidade e
nem garantia nas reservas internacionais, com exceção do setor primário
exportador de commodities que mandou para rio abaixo os problemas das trocas
desiguais, mas, hoje atropelado pelos custos desiguais, junto a inelasticidade
de oferta de produtos primários.
Em arremate, teremos que ser mais que
diplomatas, portanto, pragmáticos nas relações com os parceiros comerciais, mesmo
porque, parece estar no topo das novas relações internacionais, a necessidade
de um desenvolvimento engajado e alinhado com a democracia,
a ciência (PD&I) e o livre-comércio para fortalecerem as
vantagens institucionais globais para manter a paz necessária,
evitando-se essa nova onda de mercantilismo, protecionismo, regionalismo, e,
pior, colonialismo.
Ernani L. P. de Souza é economista do EIT/UFMT e Ex-vice-presidente do Corecon-MT (ernani.souza@ufmt.br)
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